domingo, 18 de agosto de 2013

A Mente do Autista e a Aprendizagem!

       Aprendizagem é definida como toda a mudança relativamente permanente no potencial de comportamento, que resulta da experiência, mas não é causada por cansaço, maturação, drogas, lesões ou doenças. A evidência da aprendizagem é encontrada nas mudanças observáveis ou potencialmente observáveis do comportamento, como resultado da experiência. Contudo,  a aprendizagem é um processo neurológico interno invisível. (LEFRANÇOIS, 2008, p.6)
      Para uma criança autista, a aprendizagem não ocorre através da vivência em seu ambiente, como as outras crianças. No autista há uma relação diferente entre o cérebro e os sentidos, e as informações nem sempre se tornam em conhecimento. Os objetos não exercem atração em razão da sua função, mas em razão do estímulo que promovem. O autista precisa aprender a função de cada objeto e o seu manuseio adequado. Quando ele vê uma bola, por exemplo, nem sempre deseja chutá-la ou jogá-la com a mão, como as crianças normalmente aprendem, mas cria estereotipias e formas incomuns de manuseio. As estereotipias causam atraso no desenvolvimento motor, principalmente nos movimentos finos. Diante disso, há a necessidade de estimular habilidades mais elementares (alinhavo, movimento de pinça, amassado, recorte, etc, brincadeiras que estimulem a motricidade fina em específico).

      O movimento de pinça pode ser realizado com abrir e fechar de prendedores e não o tradicional amassado com  papel e colagem sobre traçados ou imagens.
       Brincadeiras com ioiô, bilboquê, peteca, arremessar bola na cesta de basquete, jogar peteca, jogar cinco Marias e o vai e vem, auxiliam no avanço da coordenação motora ampla e fina.


       O professor deve aproveitar o fascínio do autista por determinado objeto e ensinar-lhe o uso correto e estimular a construção de outras habilidades.
      Serão imprescindíveis a virtude da paciência e a espera de resultados não imediatos. O foco na educação será o processo de aprendizagem e não nos resultados.
      O autista apresenta pequena concentração diante de atividades pedagógicas. E apresenta grande resistência para fazer aquilo que não quer. O professor além de paciente, deve munir-se de manejo afetivo constante e não forçar a realização de atividades para que o autista não se irrite e não fique ansioso, botando a perder todo a execução do que foi planejado. É sábio parar e retomar em outro momento a atividade. O professor precisa aprender a se relacionar com a realidade do mundo autístico. Nessa relação, quem aprende primeiro é o professor e quem vai ensinar-lhe é o aluno.
      Para o aluno com autismo, a princípio, o que importa não é tanto a capacidade acadêmica, mas sim a aquisição de habilidades sociais e a autonomia. O autista sente segurança na rotina.
      Para o autista compreender as coisas, o ponto de vista, as ideias, o contexto no qual faz parte ou aquele que se fala, tudo precisa ter objetivo e possuir função.
      O quadro do autista impõe a observação do professor e esta será o norte para conduzir o aluno em todo o processo. Além dos instrumentos avaliativos utilizados, o educador necessitará da sensibilidade para identificar as dificuldades e implementar as possibilidades de aprendizagem.
      É fundamental que o professor transmita segurança ao aluno com autismo e que a educação esteja centrada no ser humano e não na patologia. A relação afetiva do aluno autista com o professor é o início do processo de construção da sua autonomia na escola. Ainda que o autista enfrente dificuldades para compreender os sentimentos e a subjetividade das pessoas, ele não está desprovido de emoções. As atividades devem possuir um caráter terapêutico, afetivo, social e pedagógico. Para que ocorra situações de aprendizagem, o modelo pedagógico deve partir do aluno.
      Ainda que o aluno não aprenda perfeitamente aquilo que se busca ensinar, ele estará trabalhando sempre a interação, a comunicação, a cognição e os movimentos. O afeto é de primordial valor na superação das dificuldades.
      No autista é comum haver a ecolalia. A ecolalia pode representar a dificuldade que o autista encontra na compreensão. (BAPTISTA e BOSA, 2002) A falta da simbolização no autista justifica o não desenvolvimento de expressões mais elaboradas na sua linguagem, prejudicando a construção de novos significados. O professor necessita usar expressões claras e objetivas acompanhadas da afetividade. A postura do professor é de extrema importância, deve procurar falar olhando sempre para o aluno autista. O aluno autista não faz analogias, por exemplo, quando é dito que alguém trabalha como um "leão", sua compreensão é literal a fala. O aluno autista vive mais o presente, pois o futuro depende da imaginação. A imaginação é importante nos estágios da aprendizagem. O autista necessita sempre da explicação, pois não entende o que certas expressões e sentimentos representam. Por exemplo, o professor fala " a porta está aberta", para o aluno autista deverá dizer "feche a porta".
      A atenção é imprescindível para que ocorra a aprendizagem. Para o aluno autista prestar a atenção, já que a concentração dele é curta para as atividades pedagógicas, há a necessidade de motivá-lo e usar daquilo que o professor observou que ele gosta. Aí o foco da mente é mais fácil, mesmo diante das dificuldades da tarefa.
      R. é aluno TGD asperger e está realizando uma atividade através do Método Teacch, que objetiva desenvolver a independência do autista.
      O espectro do autismo apresenta melhor memória visual e tátil e necessita sempre da repetição.

BIBLIOGRAFIA: 
CUNHA Eugênio. Autismo e Inclusão. Ed WAK, Rio de Janeiro 2012.
FONSECA Laerte. Protocolo Neuropsicopedagógico da Avaliação Cognitiva das Habilidades Matemáticas. Ed. WAK, Rio de Janeiro, 2013.



2 comentários:

  1. Muito útil esta postagem. Parabéns pelo trabalho e seja bem-vinda ao E.M!

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  2. Obrigado e fico feliz com o seu contato.
    Abraços
    Amalia

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