domingo, 24 de setembro de 2017

O Brincar para Construir o Mundo, para Aprender!


Assim como o alimento, o amor e a proteção, o brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança.
Ao receber os estímulos corretos, as atividades lúdicas ajudam a criança a desenvolver os cinco sentidos e a descobrir os contextos em que transita com mais prazer e segurança. Assim ela inicia as suas descobertas sobre o mundo.
Enquanto bebê seus estímulos vêm dos contatos com as pessoas da família e outras. Nos primeiros meses de vida, eles estão se descobrindo e conhecendo os outros. Nesta fase, a vida e as relações são os grandes "brinquedos". Por isso, é importante conversar, cantar, contar histórias e conviver com eles.
Quando vão crescendo, começam a se interessar por objetos e brinquedos, entra em cena a imaginação, o simbólico. Este período representa uma oportunidade para o desenvolvimento global.
Quando a criança tem 1 ano, os brinquedos de encaixar e de montar, são oportunidades para a criança desenvolver o seu raciocínio lógico.   
Pelos 3 anos em diante, as crianças já têm habilidades mais elaboradas e maduras e conseguem brincar com jogos (quebra cabeça, memória, dominó, simples para serem montados).
Quando a criança brinca ela aprende a conhecer e explorar o mundo. Ela está construindo um mundo de aventuras, de conquistas, de diversão e de desafios, essenciais para uma vida feliz.


Através do brincar, pode-se estimular ou resgatar o prazer para a aprendizagem, promovendo competências necessárias à escola, mas fundamentalmente, necessárias à vida e ao futuro de cada um.
O brincar deve proporcionar as conquistas e as descobertas, para que no futuro tenhamos pessoas envolvidas e que encontrem gosto para o trabalho, cientistas que lutam para uma descoberta, poetas que admirem  a lua, enfim, pessoas que exibam um imenso brilho no olhar!

"Tanto o gato quanto a criança, quando brincam, não o fazem por algum interesse imediato, nem movidos pela fome ou outra necessidade, mas parecem se dedicar a uma atividade gratuita, que está na base da curiosidade e move a conquista...Este  brilho é o ânimo, a alma, o núcleo da atividade humana." (Fischer, 1976, p.60)

Aprendemos quando podemos confiar (nos outros, em nós, no espaço). Aprendemos com quem nos escuta. Aprendemos quando nos escutamos. Aprendemos quando o ensinante nos reconhece (nos considera pensantes) 

"Hoje, mas do que nunca, os laços de solidariedade, a presença do grupo, de equipe de trabalho, de amigo, permitem suprir a necessidade de permanência, que acompanha a mudança. Diante do avanço da tecnologia, hoje, mais do que nunca, se faz necessário a presença da poesia que alimenta a autoria,".( Alicia Fernández, psicopedagoga)
Winnicott, psicanalista, redimensionou o conceito de brincadeira, como uma atividade que possui um valor em si, instituída como uma atividade infantil, e que também faz parte do mundo do adulto.
A criança se utiliza  do brincar, se utiliza dos brinquedos, não importando a estrutura de ambos como um esforço adaptativo solicitado pela sociedade e ainda, pela vida. A socialização faz-se por intermédio das regras. As regras representam os limites, este "pode-não-pode", que regula as relações entre as pessoas.
Por meio das brincadeiras, dos jogos com regras, a criança pode construir, ou seja, inventar normas para suas brincadeiras,e, com isso, descobrir e conhecer o outro.

Ao se relacionar, descobre a necessidade de regular o comportamento, estabelecendo limites, no sentido de impor determinadas condições num contexto de socialização. Todo este processo, facilita e contribui para a vida social; sem ele, seria bem mais difícil para o indivíduo subordinar-se às regras da cultura à qual pertence, ou transformá-las.
O brincar, portanto, está na base do aprender, do conhecer-se, do sentir-se e, efetivamente, ser alguém no mundo.
O brincar é a experiência da criança, ela tem que fazer as coisas, tem que experimentar, ela tem que errar, ser absurda, inquieta, sem lógica e adequação. Porque só através do fazer é que ela adquire conhecimento de como são as coisas, adquirir sensatez, lógica e adequação.
Devemos colocar limites, sim, na criança, mas não podemos inibir a sua capacidade de investigação.
A criança arteira, experimenta. Arteira e artista vem de arte. Esta conduta carrega, implicitamente, uma atividade criativa.
O que move o brincar, é a imaginação, e é nela que se concentram o mundo particular e a história de cada indivíduo.
(Psicopedagoga e Educadora Especial Amalia Cardoso)

Contribuições de Piaget, Macedo, Sara Paim, Alicia Fernándes, Winnicoutt e Granger)