Assim como o alimento, o amor e a
proteção, o brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança.
Ao receber os estímulos corretos, as
atividades lúdicas ajudam a criança a desenvolver os cinco sentidos e a
descobrir os contextos em que transita com mais prazer e segurança. Assim ela
inicia as suas descobertas sobre o mundo.
Enquanto bebê seus estímulos vêm dos
contatos com as pessoas da família e outras. Nos primeiros meses de vida, eles
estão se descobrindo e conhecendo os outros. Nesta fase, a vida e as relações
são os grandes "brinquedos". Por isso, é importante conversar,
cantar, contar histórias e conviver com eles.
Quando vão crescendo, começam a se
interessar por objetos e brinquedos, entra em cena a imaginação, o simbólico.
Este período representa uma oportunidade para o desenvolvimento global.
Quando a criança tem 1 ano, os brinquedos
de encaixar e de montar, são oportunidades para a criança desenvolver o seu
raciocínio lógico.
Pelos 3 anos em diante, as crianças já têm
habilidades mais elaboradas e maduras e conseguem brincar com jogos (quebra
cabeça, memória, dominó, simples para serem montados).
Quando a criança brinca ela aprende a
conhecer e explorar o mundo. Ela está construindo um mundo de aventuras, de
conquistas, de diversão e de desafios, essenciais para uma vida feliz.
Através do brincar, pode-se estimular ou
resgatar o prazer para a aprendizagem, promovendo competências necessárias à
escola, mas fundamentalmente, necessárias à vida e ao futuro de cada um.
O brincar deve proporcionar as conquistas
e as descobertas, para que no futuro tenhamos pessoas envolvidas e que
encontrem gosto para o trabalho, cientistas que lutam para uma descoberta,
poetas que admirem a lua, enfim, pessoas que exibam um imenso brilho no
olhar!
"Tanto o
gato quanto a criança, quando brincam, não o fazem por algum interesse
imediato, nem movidos pela fome ou outra necessidade, mas parecem se dedicar a
uma atividade gratuita, que está na base da curiosidade e move a
conquista...Este brilho é o ânimo, a alma, o núcleo da atividade
humana." (Fischer, 1976, p.60)
Aprendemos quando podemos confiar (nos
outros, em nós, no espaço). Aprendemos com quem nos escuta. Aprendemos quando
nos escutamos. Aprendemos quando o ensinante nos reconhece (nos considera
pensantes)
"Hoje, mas do que nunca, os laços de
solidariedade, a presença do grupo, de equipe de trabalho, de amigo, permitem
suprir a necessidade de permanência, que acompanha a mudança. Diante do avanço
da tecnologia, hoje, mais do que nunca, se faz necessário a presença da poesia
que alimenta a autoria,".( Alicia Fernández, psicopedagoga)
Winnicott, psicanalista, redimensionou o
conceito de brincadeira, como uma atividade que possui um valor em si,
instituída como uma atividade infantil, e que também faz parte do mundo do
adulto.
A criança se utiliza do brincar, se
utiliza dos brinquedos, não importando a estrutura de ambos como um esforço
adaptativo solicitado pela sociedade e ainda, pela vida. A socialização faz-se
por intermédio das regras. As regras representam os limites, este
"pode-não-pode", que regula as relações entre as pessoas.
Por meio das brincadeiras, dos jogos com
regras, a criança pode construir, ou seja, inventar normas para suas
brincadeiras,e, com isso, descobrir e conhecer o outro.
Ao se relacionar, descobre a necessidade
de regular o comportamento, estabelecendo limites, no sentido de impor
determinadas condições num contexto de socialização. Todo este processo,
facilita e contribui para a vida social; sem ele, seria bem mais difícil para o
indivíduo subordinar-se às regras da cultura à qual pertence, ou
transformá-las.
O brincar, portanto, está na base do
aprender, do conhecer-se, do sentir-se e, efetivamente, ser alguém no mundo.
O brincar é a experiência da criança, ela
tem que fazer as coisas, tem que experimentar, ela tem que errar, ser absurda,
inquieta, sem lógica e adequação. Porque só através do fazer é que ela adquire
conhecimento de como são as coisas, adquirir sensatez, lógica e adequação.
Devemos colocar limites, sim, na criança,
mas não podemos inibir a sua capacidade de investigação.
A criança arteira, experimenta. Arteira e artista vem de arte. Esta conduta carrega, implicitamente, uma atividade criativa.
O que move o brincar, é a imaginação, e é nela que se concentram o mundo particular e a história de cada indivíduo.
(Psicopedagoga e
Educadora Especial Amalia Cardoso)
Contribuições de Piaget, Macedo, Sara Paim, Alicia Fernándes,
Winnicoutt e Granger)