sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Paralisia Cerebral!

 
      Little(1843) descreveu pela primeira vez, a encefalopatia crônica da infância, e definiu-a como uma patologia ligada a diferentes causas e características. Freud, em 1897, sugeriu a expressão Paralisia Cerebral, que, mais tarde, foi consagrada por Phelps, ao referir-se a um grupo de crianças que apresentavam transtornos motores mais ou menos severos devido a lesão do sistema nervoso central (SNC), com alterações motoras parecidas ou não com a Síndrome de Little.
      Existem várias definições para Paralisia Cerebral, segundo diferentes autores. Cito essas:
      A definição mais adotada pelos especialistas é a de 1964 que define Paralisia Cerebral como:

      "Um distúrbio permanente, embora não variável, do movimento e da postura, devido a defeito ou lesão não progressiva do cérebro no começo da vida."

      A definição usada pela Associação Mundial de Paralisia Cerebral em 1988:

      "Um distúrbio de postura e movimento persistente, porém não imutável, causado por lesão no sistema nervoso em desenvolvimento, antes ou durante o nascimento ou nos primeiros meses da lactância" (Griffiths & Clegg, 1988).


      Segundo Schwartzman (1993) e Souza & Ferraretto (1998), a PC pode ser classificada por:

      Tipo de Disfunção Motora:
  • Paralisia Cerebral Espástica;
  • Paralisia Cerebral Coreoatetóide;
  • Paralisia Cerebral Atáxica;
  • Paralisia Cerebral Mista.
      Topografia Afectada:
  • Monoplegia;
  • Diplegia;
  • Hemiplegia;
  • Tetraplegia ou quadriplegia.
      Paralisia Cerebral Espástica: É a  mais frequente, ocorre em cerca de 70/80% dos casos. Caracteriza-se por um aumento do tônus e uma diminuição da força muscular. Ocorre por lesão no trato piramidal (córtex cerebral), área do cérebro responsável pelo início do movimento.
      As crianças com este tipo de PC tendem a desenvolver deformações osteo-articulares uma vez que os músculos afetados não têm um desenvolvimento normal. As deformações características nas crianças que adquirem marcha são:
  • Flexão da cabeça;
  • Rotação interna dos membros superiores;
  • Flexão e rotação interna dos quadris;
  • Flexão dos joelhos;
  • Pé equino.
      Hemiplégica: Afeta um dos lados (hemicorpo esquerdo). É a forma mais frequente. As causas são: alguns tipos de malformação cerebral, acidentes vasculares ocorridos ainda na vida intra uterina e traumatismos crânio encefálicos. As crianças apresentam bom prognóstico motor e adquirem marcha independente. Algumas apresentam um tipo de distúrbio sensorial que impede ou dificulta o reconhecimento de formas e texturas com a mão do lado afetado.


      Qualquer condição que provoque uma anormalidade do cérebro pode levar a Paralisia Cerebral. A lesão cerebral pode ocorrer:
  • No período pré natal, são aqueles que aparecem antes do nascimento. Principais causas: Alterações genéticas e/ou congênitas, sendo as mais importantes doenças infecciosas contraídas durante a gravidez (toxoplasmose, rubéola, citomegalus vírus, herpes vírus, sífilis), exposição prolongada aos Raios-X, uso de drogas e/ou álcool durante a gravidez, hidrocefalia, hemorragias durante o período gestacional, eclâmpsia, diabetes gravídica, etc.
  • No período peri natal, os problemas seriam causados por complicações ocorridas no momento do parto, que causariam sofrimento fetal com baixa oxigenação cerebral e consequente lesão do SNC, hiperbilibirrubinemia, prematuridade, etc.
  • No período pós natal, ocorrem após o nascimento da criança e secundariamente a processos infecciosos do SNC, principalmente encefalites e meningites, abscessos cerebrais, traumatismos cranianos, hipoxia cerebral grave (quase afogamento, convulsões prolongadas, paragem cardíaca).
     

      A PC além do quadro clínico normal que caracteriza a doença pode ter também um conjunto de distúrbios associados, tais como:
  • Atraso Mental, está mais associada as formas tetraplégicas, diplégicas e mistas.
  • Epilepsia, está geralmente associada a forma hemiplégica ou tetraplégica.
  • Distúrbios da linguagem.
  • Distúrbios visuais, pode ocorrer perda da acuidade visual ou estrabismo.
  • Distúrbios comportamentais, são mais comuns em crianças de inteligência normal ou perto do normal, que se sentem frustradas pela sua limitação motora e pela super proteção ou rejeição por parte da família.
  • Distúrbios ortopédicos, são comuns retrações tendinosas, alterações da coluna (cifoses, escolioses), etc.

      A PC não tem cura, uma vez que não se pode agir sobre uma lesão já superada e cicatrizada, portanto o seu tratamento é paliativo. Mas existem  várias opções de tratamento que podem ser usadas isoladamente ou em conjunto: medicação, cirurgia, fisioterapia, fonoaudiologia, neurologista, equoterapia e,  pedagogicamente, a tecnologia assistiva.
      Um programa de reabilitação tem como objetivos gerais:
  • Reduzir a incapacidade;
  • Melhorar a postura;
  • Melhorar a função.
      O PC deve receber atendimento de Educação Especial e serviços terapêuticos o mais cedo possível após diagnosticado. A intervenção é vital durante o período inicial, pois quando o cérebro é jovem tem um certo grau de plasticidade. Em nenhum outro estágio a criança aprende e se desenvolve tão rapidamente como durante os primeiros anos de sua vida.
      Os programas de intervenção precoce para crianças com PC devem ter uma abordagem centralizada na família.

Bibliografia:
GERALISIS Elaine. Crianças com Paralisia Cerebral. Porto Alegre, 2007. Ed ARTMED.
FARREL Michael. Deficiências Sensoriais e Incapacidades Físicas. Porto Alegre 2008. Ed ARTMED.
www.paralisiacerebral.org.br
www.minhavida.com.br
www.infoescola.com > Medicina > Neurologia

sábado, 2 de novembro de 2013

A Leitura e a Criança!

      Quando chega à escola, a leitura e a escrita são o básico, o central e o essencial que a criança precisa aprender. A criança precisa ler e escrever, ou o tempo que passar na escola será, em grande parte, desperdiçado.
      É possível, que a experiência de ler os argumentos de outras pessoas ajude-a a formar os seus próprios de forma mais lógica e eficaz. A criança pode vir a compreender uma importante parte de seu mundo através da experiência da leitura.
      Se a leitura pode trazer resultados tão grandes, assim também o pode a falha em aprendê-la. A maioria das crianças que demoram para aprender a ler também foram lentas para a expressão oral (a fala). Seu conhecimento do mundo é incompleto. Essa criança necessita e  merece ser auxiliada a aprender a ler de qualquer modo que seja possível.
      Outras crianças, embora sejam inteligentes, alertas e vivazes, apresentam dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita. Elas têm auxílio e encorajamento de seus pais, recebem atenção devotada e capacitada de seus professores, mas ainda assim, suas dificuldades persistem.
      Denomina-se essas crianças, cujo nível de leitura e da escrita situa abaixo do que seria de prever, levando em conta outros fatores tais como a inteligência, "atrasados na leitura e na escrita". Pode se dizer que 3 a 5% das crianças em nossas escolas ficaram seriamente atrasadas em sua leitura e escrita.




      O que fazer com o problema da dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita? Esse problema levanta duas questões:
  1. Como auxiliar a criança, que já se tornaram atrasadas em leitura, em suas dificuldades?
  2. Como fazer a prevenção desses problemas?
      Estas são questões práticas, mas a solução para elas devem depender de uma compreensão teórica apropriada do problema. Precisamos saber o que causa as dificuldades em leitura e em escrita. É necessário reunir teoria e prática.
      Os problemas estão na dificuldade de recordar grafema(letra) com fonema(som)? Os problemas são fono articulatórios, pois a criança é comunicativa?  Os problemas estão na memória? Os problemas estão na percepção visual? Só se pode prevenir algo ao se removerem as causas. Para os "atrasados em leitura e em escrita" os métodos de ensino que funcionaram para outras crianças podem ser inadequados para eles. Dificuldades diferentes naturalmente requerem tratamento diferente.
      A capacidade da criança recombinar sinais e sentidos, respondendo de forma sempre nova em cada situação (característica da criatividade humana), interage com a tentativa sistemática das instituições educacionais de controlar as suas respostas, incluí-las em moldes determinados que ofereçam ilusório compartilhar de sentidos, provisória estabilidade, constantemente desafiada. Para superar essa barreira, devemos transformar as formas como as práticas educativas são pensadas e considerar a interação social como o elemento mais importante para promover oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Devemos sempre observar crianças de diferentes idades. O foco da observação pode ser o desenvolvimento motor, a linguagem ou o pensamento conceitual.



      O jogo simbólico ou de faz de conta, particularmente, é ferramenta para a criação da fantasia, necessária a leituras não convencionais do mundo. Abre caminho para a autonomia, a criatividade, a exploração de significados e sentidos. Atua também sobre a capacidade da criança de imaginar e de representar, articulada com outras formas de expressão. São os jogos, ainda, instrumentos para a aprendizagem das regras sociais.
      Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de apropriação de signos sociais. Cria condições para uma transformação significativa de consciência infantil, por exigir da criança formas mais complexas de relacionamento com o mundo.
      Há recíproca vinculação entre imaginação e emoção. Onde há emoção, ocorre a memória e a memória leva a aprendizagem. Ler para uma criança, é uma forma de incorporar ao seu dia a dia o contexto de mundo e das relações interpessoais. É uma forma da criança se familiarizar com a linguagem. Os livros trazem muitos estímulos para o seu desenvolvimento: os personagens, as emoções, a história, as ilustrações, o ritmo do texto, o tom de voz de quem lê. 




      Ao ler para uma criança, amplia-se os seus horizontes, aumentando a sua capacidade de compreender o mundo. Além disso desperta  o seu interesse pela leitura.. Estreita os laços de relacionamento entre a criança e a pessoa que está lendo.

BIBLIOGRAFIA:

WALLON, Henri. As origens do pensamento na criança. São Paulo. Ed. Manole, 1989.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educação Infantil Fundamentos e Métodos. São Paulo. Ed Cortez, 2012.

BRYANT & BRADLEY. Problemas de Leitura na Criança. Porto Alegre. Ed Artes Médicas, 1987.